terça-feira, 23 de março de 2010

A Casa de Barro




A saudade é uma velha casa de barro.
Aquela casinha simples, que nunca sai daquela rua.
Que mora em mim, nos caminhos todos.
Ela é de barro, ela é de lodo.
É de chão vermelho, da cor do sangue.
Da cor da rosa que naquele dia lhe entreguei.
Sou daqui, e gosto desse teto.
Não há aluguel, ou um olhar que eu empresto,
que me leve, sem que eu queira.
Eu vivo assim, numa casinha de barro.

E há quem diga que a mansão é fria e escura.
Porque iria abandonar o meu lar?
Ele também é, mas por vezes que se cruzam,
umas brechas da janela trazem luz, que faz brilhar...
E nesse jeito meio doído e solitário,
o meu chão não cansa de me olhar,
quando fluídos em mim, correm o sangue da saudade,
cor de quem ama e de quem aprendeu morar...
O jardim de fora me traz o que é teu, cheiro e rosa.
Eu vivo assim, numa casinha de barro.

Os olhos da calçada que vigiam
no telhado à noite quando vou dormir,
aguardam em espera, a correspondência que diria,
minha amiga longe se estivesse aqui...
Lá do outro lado está ela, onde a saudade é só saudade.
Numa outra casinha avermelhada, morar por morar.
Lugar pleno é assim, simplicidade,
que me acolhe por entre as portas desse seu olhar...
Até quando, não o sei, Deus quem sabe; por barato ou caro,
eu vivo assim, numa casinha de barro.

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